segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Sonhar faz mal.

A sério. Faz muito mal. Não estou a falar do sonhar durante a noite, entre a fase NREM e a fase REM. Estou a falar daqueles sonhos que vêm de uma ideia. De uma associação de pensamentos que leva àquele pensamento (terrível!) que é: "eu podia fazer aquilo!". Daqueles sonhos que podem acontecer enquanto levamos uma bolacha à boca ou enquanto tiramos um anel do dedo.

Vamos a exemplos: uma pessoa está a fazer scroll pelo newsfeed dos amigos e vê alguém que começou a trabalhar como voluntário no Cambodja. Devagarinho a nossa mente mete tudo o que precisamos - e aquelas coisas que nunca vamos usar também - numa mochila e põe-nos um bilhete de avião na mão. Damos por nós a pensar "eu podia fazer aquilo!". 

E a nossa mente é sacana, conhece-nos bem. Diz-nos que sim, que podemos largar tudo e metermo-nos no avião de mochila nas costas e coração na mão para explorar o mundo, conhecer pessoas e ajudar no que pudermos. Diz-nos que sim, que podíamos ir à poupança, largar a casa, alugar o carro... meter a vida numa mala durante 3 meses.

Diz-nos que sim porque sente o corpo sentado a um computador que só no mostra possibilidades, mas que não nos leva à porta.

Sonhar faz mal. Deixa-nos com aquela angústia cobarde de quem quer tanto, mas não tem coragem. Acorda tanta coisa dentro de nós, enche-nos de energia boa, sim. Mas é como uma falsa partida. Começamos cheios de força e rapidamente percebemos que não vamos a lado nenhum porque (inserir 30-razões-plausíveis e mais 10-razões-estúpidas-que-só-servem-como-desculpa-para-não-fazer). 

Sonhar faz mal, malta. Cuidado com isso.





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